quinta-feira, 30 de setembro de 2010

segunda-feira, 6 de julho de 2009

domingo, 16 de março de 2008

De quem é esse mandato?

O Brasil tem a democracia como um de seus objetivos nacionais permanentes. Por isso, possui representação proporcional e multipartidarismo. No entanto, será mesmo que o povo consegue demonstrar sua vontade no sistema brasileiro? Analisemos.

A Casa que considero melhor para a análise é a Câmara dos Deputados, onde ocorrem eleições proporcionais. O Brasil possui 125.913.479 eleitores e 512 Deputados Federais, ou seja, a princípio, cada deputado representa 245.925 brasileiros. Acontece que em muitos casos, mais do que 245.925 pessoas votam no mesmo candidato, porém o número excedente já não poderia ser representado pela mesma pessoa. Um dos modos de eleição que não ocorre no nosso país é de contagem individual de votos. Simplesmente, os candidatos que receberem a maior quantidade de votos serem eleitos. Caso isso ocorreu, poderia gerar uma grande distorção da vontade popular. Observe esse fato num estado com 4.805.259 eleitores, como o Ceará:

José, do PT, recebeu 4.805.238 votos. Cada um dos 21 candidatos do PSDB recebeu apenas 1 voto. Mesmo a imensa maioria do povo acreditando nos pensamentos petistas, ele só teria um representante desse partido. Já representação do PSDB seria 21 vezes maior que a do PT.

Por isso, no Brasil, os votos computados para as coligações e os partidos. Assim sendo, a cota de eleitores que excedeu será utilizada para eleger outro parlamentar da coligação, que deve naturalmente ter os mesmos preceitos e objetivos de todos os coligados. No caso anterior, se fosse usado esse sistema, todos os parlamentares eleitos seriam do PT, apesar da inexistência de votos para eles. Vamos a um exemplo prático para simplificar esse caso novo:

José recebeu 345.925 votos e o João, da mesma coligação, recebeu 145.925 votos. Mesmo não chegando aos 245.925 votos, João poderá ser deputado e vir a representar 245.925 dos eleitores. Isso não acarretaria problema algum, pois os 491.850 cidadãos teriam 2 representantes na Câmara. Assim população conseguiria demonstrar sua vontade no sistema brasileiro. No entanto, há alguns problemas.

O primeiro deles é oriundo da determinação constitucional do máximo e mínimo de representantes por estado. A Constituição de 1988 determina 8 como o piso e 70 como o teto. Por causa disso, cada deputado de São Paulo representa 400.540 paulistas e cada deputado de Roraima representa 29.200 roraimenses. Se olharmos com atenção, notaremos que isso implica que a população paulista será menos representada do que a roraimense.

Outro é a celebração de coligações. Os partidos que estão coligados nas eleições não necessariamente estarão juntos nas decisões da Câmara. As uniões podem ser alteradas de acordo com a vontade dos partidos, desfazendo coligações. Se o PPS estava ligado ao PSDB nas eleições, nada impede que após elas, ele se una ao PT no mandato. Assim, candidatos do PPS que foram eleitos por causa de votos em candidatos do PSDB não iriam representar o interesse da população que confia nas políticas do PSDB, mas sim iriam ajudar o PT.

Por último, tínhamos a mudança de partido. Nada impedia que um candidato eleito pelo PT, após as eleições se afiliasse ao PSDB. Isso até 4 de Outubro de 2007, quando o STF decidiu dar o mandato de deputado e vereador não ao candidato, mas sim ao partido. Nada mais justo.

Não obstante, veja o caso do Deputado baiano Sandro Régis. Quando foi eleito pelo PR, o PR fazia oposição ao PT, partido do Governador. Com menos de 6 meses, o PR foi para a base do governo, mas Sandro quis continuar na oposição. E aí, de quem é o tal do mandato?

sábado, 8 de março de 2008

O político lombrosiano

O "Pai da Criminologia" finalmente tem a chance de se redimir, ele renasceu e veio ao Brasil traçar o perfil do nosso maior criminoso: o político.
Escolheu Brasília por uma razão óbvia: trata-se do maior laboratório de corruptos do mundo. Quem chega lá, não resiste.
Sem mudar os pontos fundamentais de sua doutrina ( atavismo, taras degenerativas, taras patológicas, anatomia), Lombroso enceta alguns contornos desse modelo caliginoso.
O atavismo moral é imediatamente constatado. Não se deixa dúvida de que a moral e a ética peculiares a esses seres provêm de ascendentes que protagonizaram o achamento, a política dos governadores e a ditadura militar.
A tara degenerativa desintegrou por meio de uma neurosis criminal o último resquício de vergonha e bom senso, dimanando em um transtorno nervoso irreparável e em políticas públicas, no mínimo, estouvadas.
A tara patológica atinge esses seres fazendo-os perder completamente as lembranças dos atos praticados, aliadas a uma indiferença "muitas vezes vista na história deste País". Nunca sabem, nunca viram.
Lombroso não precisou fazer medições de crânio, necropsias, exames biotipológicos profundos, pois a resposta para o modelo anatômico do político brasileiro não era nem um pouco surpreendente: ele tinha a cara do Brasil. Uma face desigual, um olhar oblíquo e dissimulado, uma pele mestiça e um compelido sorriso de aeromoça, cuja "naturalidade" assusta.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

É ou não é, eis a questão...

Todos somos ateus, já pensava Stephen Henry Roberts. Todos nós temos deuses nos quais não acreditamos ou até mesmo desconhecemos. Temos profetas que nunca escutamos, lemos, nem cremos que sejam filhos ou enviados de um deus qualquer que seja. Todos nós desacreditamos de um livro santo ou santificado, de uma bíblia, de um livro dos mórmons, de um torá, de um alcorão, de um evangelho segundo Lucas, Mateus, Allan Kardec, João, Tomé, Maria Madalena, Marcos.
Todos nós temos a descrença inata. Para que acreditemos em algo, não basta que nos falem que existe. Tem de se martelar, vezes e vezes, anos e anos. Ninguém tem a cabeça aberta para qualquer idéia maluca que apareça. Sempre fui um leitor da Bíblia dos cristãos pelo fato de ser brasileiro, país predominantemente cristão, e por ser filho de católicos. Nunca li sequer um capítulo do Alcorão. Isso não significa que eu creia piamente que Jesus é filho de Deus e que Maomé não tem nada a ver com a história. Não posso abusar da sorte de considerar São Gabriel como mensageiro da vinda do Salvador à Maria e não acreditar que ele também foi enviado para falar com o Profeta dos Mulçumanos.
Não gostaria de acreditar que existe um Deus pra cada um, dependendo do local de nascimento, dos pais, da tradição regional. Gostaria de acreditar que o Deus verdadeiro está acima disso tudo. Essa questão eu considero delicadíssima, mais difícil que questão do ITA, e deixo à vocês essa abertura para se pronunciarem; porque, sinceramente, não sei mais o quê fazer para resolvê-la.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Figuras de altas horas da matina.

Despertei-me às 6h da manhã com o barulho provocado pelos vômitos da minha prima que adorecera. Minha mãe pediu-me para levar o cachorro à praça e , apesar das inúmeras placas de " A praça não é o banheiro do seu cachorro" é lá que meu cão deposita seus excrementos.

O que tornou meu dia tão excepcional a ponto de eu suportar descrevê-lo não foram os excrementos e vômitos com os quais acordei , mas as pessoas a cujo olhar não consegui deixar de dirigir.

Após sair pelo portão da Almeida Prado, de frente para minha dispensa, o Center Box, recaiu minha atenção sobre o CARA ESTRANHO. Não que ele seja o "cara estranho" d'Os Los Hermanos, o curioso era ser olhar, seu andar, seu cabelo, seus óculos e sua postura. Cada um respectivamente esquizofrênico, atabalhoado, assanhado, torto e "cifóide". Ia para o colégio. Acho que se sente estranho. Normal.

Outra figura igualmente notável era o CARA NA RURAL. Era jovem, não se engane. Dirigia-me à praça quando ele vei dobrando a esquina e conduzindo seu antigo e conservado veículo. Parecia ter sido acabado de ser fabricado. Ou abriram uma fenda de tempo-e-espaço e ele veio do passado para o futuro? Não sei ao certo. Talvez esta última hipótese explique o porquê de ele tanto buzinar às 6h da manhã em uma rua semi-deserta. Perturbador.

Ações
Cheguei.
Willy cagou.
Parti.

Na volta, a mistura de dois mundos igualmente primitivos. O CAWBOY PESCADOR. O negro, velho e de chapéu vaqueiro. O COWOLDMAN DOS MARES. O velho jangadeiro retornando de mais um dia de pesca sem nada nas mãos. Espero que tenha vendido tudo. Tinha as feições de sempre, rudes, excessivamente sofridas e inquietas, como que não entendesse, mas aceitasse o mundo a seu redor. Angustiante.

No elevador social, cachorros, domésticas e entragadores são proíbidos, mas ninguém respeita essa regra. Todos andam em tudo. Bem-feito!!! É uma desordem solidária e agregadora. O MINICARA SUPERMAN sai do elevador com sua mochila de rodinhas carregada nos braços pela mãe. Nada mais ignóbil e destruidor. Um garoto que não leva suas coisas cresce sem responsabilidade. Vira um babaca. As mães que fazem isso não notam, mas estão destruindo seus filhos. Talvez a fantasia com que ele estava indo para a escola não represente nada do que ele se tornará um dia. Consternador.

O último e tão pouco importante. O SONÂMBULO. Perdia-se em lucubrações distantes e pouco fantasiosas. Admirava a paisagem das costas do meu bloco. Estava no décimo andar e coçava, escorado na janela, a sua cabeça à semelhança de um chimpanzé. Catava piolhos de preocupação. Com o quê? Jamais saberei. Indecifrável.


Ações
Abri minha porta.
Estirei-me na cama.
Escrevi este texto.
Vou dormir.


Ps: Eu levo sempre dois sacos plásticos para o caso de o Willy defecar mais de uma vez.
Ps2: Não suje a cidade, isso me incomoda.
Ps3: Não dormi.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Projetos Individuais de Felicidade

Fazia tempo que não me utilizava desse espaço, porém me senti profundamente provocado com a última postagem. Sou uma das pessoas mais desiludidas e apáticas que eu conheço. Considero coisa muito difícil mudanças sociais extremas mediante revolta popular. Existem vários fatos que me deixam indignado cotidianamente - absurdos governamentais e atitudes humanas terríveis. No entanto, confesso (não tão arrependido quanto na última vez que confessei ao padre), não fiz muita coisa pra mudar o mundo. Em política stricto-sensu, pouco me meti. Acho que o mais longe que fui foi no Aeroporto Pinto Martins para ver a chegada de Heloísa Helena, recém saída do PT. Não votei antes dos 18, e quando votei, votei nulo. Cartas, só mandei de amor. Assisto, sim, TV Senado, TV Câmara, TV Assembléia, e gosto; mas assisto pelo prazer de conhecer cada um e ouvir algumas opinião colocadas com muita propriedade e outras com muita falta do que dizer.

Sinto no momento atual do planeta que o descrédito num futuro bom toma conta das mentes. Cada vez mais pessoas se apegam em crenças duvidosas tentando garantir uma vida melhor, se não possível em vida, logo após ela. Desejaria expôr aqui algumas palavras do Bispo Edir Macêdo que ele orgulhamente publica no seu jornal bastante informativo, Folha Universal, para que notem a que nível nós chegamos. Não me atrevo a pesquisar. Mas vi até mesmo um Espaço Sentimental com uma viúvia de 69 procurando "um homem de Deus, com nível superior, de pele clara, disposto a um relacionamente sério". Não gosto, com sinceridade, de me sentir um humano petrificado pelos olhos de Medusa. Prefiro me comparar a Prometeu, amarrado, querendo e não podendo. Chega uma hora, meus caros amigos, que de tanto o abutre vir comer nossa carne, a gente nota que a luta é em vão. Com certeza, essa pensamento diverge da maioria, dos que ainda vêem solução, vêem a tal da luz no fim do túnel. Saí de casa com 16 anos, fiz o 3o. ano em Campinas e resolvi cursar o ensino superior no interior do Rio de Janeiro e agora digo: quando eu fui pro Rio, o que eu descobri foi que a luz depois do túnel Rebouças é só um poste da Light.

O que eu realmente acredito e acho que seja a grande sacada, a grande solução para uma vida saudável e alegre são os projetos de felicidade individual. Parece pensamento egoísta, a princípio, há princípios, mas não é. Muito antes pelo contrário, na maioria esmagadora dos casos, a felicidade da gente está em fazer os outros também felizes. Vá uma praia, pesque um peixe, mande flores. Dê um beijo na boca da vizinha, compre um copo de Colonial para aquele bêbado chato. Bateu o carro? Ah! Já bateu, não há como voltar atrás. Eu possuo uma capacidade incrível de não ficar me culpando pela vida inteira. Depois de cada merda que eu faço, paro, respiro fundo e digo: "Ah! É fazendo merda que se aduba a vida", sorrio e sigo vivendo feliz. Ficou bêbado e pegou mulher feia? Já pegou, não tem volta. Estava mijando no poste e alguém viu? Já viu.

Nunca mudei o mundo, mas me sinto extramamente feliz quando chego numa cidade que nunca fui antes e fico olhando a paisagem, por cima, pensando na vida e nas surpresas que ela pode nos oferecer. A vida é muito boa, meus caros, mas depende do ponto de vista que nós olhamos.