segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

É ou não é, eis a questão...

Todos somos ateus, já pensava Stephen Henry Roberts. Todos nós temos deuses nos quais não acreditamos ou até mesmo desconhecemos. Temos profetas que nunca escutamos, lemos, nem cremos que sejam filhos ou enviados de um deus qualquer que seja. Todos nós desacreditamos de um livro santo ou santificado, de uma bíblia, de um livro dos mórmons, de um torá, de um alcorão, de um evangelho segundo Lucas, Mateus, Allan Kardec, João, Tomé, Maria Madalena, Marcos.
Todos nós temos a descrença inata. Para que acreditemos em algo, não basta que nos falem que existe. Tem de se martelar, vezes e vezes, anos e anos. Ninguém tem a cabeça aberta para qualquer idéia maluca que apareça. Sempre fui um leitor da Bíblia dos cristãos pelo fato de ser brasileiro, país predominantemente cristão, e por ser filho de católicos. Nunca li sequer um capítulo do Alcorão. Isso não significa que eu creia piamente que Jesus é filho de Deus e que Maomé não tem nada a ver com a história. Não posso abusar da sorte de considerar São Gabriel como mensageiro da vinda do Salvador à Maria e não acreditar que ele também foi enviado para falar com o Profeta dos Mulçumanos.
Não gostaria de acreditar que existe um Deus pra cada um, dependendo do local de nascimento, dos pais, da tradição regional. Gostaria de acreditar que o Deus verdadeiro está acima disso tudo. Essa questão eu considero delicadíssima, mais difícil que questão do ITA, e deixo à vocês essa abertura para se pronunciarem; porque, sinceramente, não sei mais o quê fazer para resolvê-la.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Figuras de altas horas da matina.

Despertei-me às 6h da manhã com o barulho provocado pelos vômitos da minha prima que adorecera. Minha mãe pediu-me para levar o cachorro à praça e , apesar das inúmeras placas de " A praça não é o banheiro do seu cachorro" é lá que meu cão deposita seus excrementos.

O que tornou meu dia tão excepcional a ponto de eu suportar descrevê-lo não foram os excrementos e vômitos com os quais acordei , mas as pessoas a cujo olhar não consegui deixar de dirigir.

Após sair pelo portão da Almeida Prado, de frente para minha dispensa, o Center Box, recaiu minha atenção sobre o CARA ESTRANHO. Não que ele seja o "cara estranho" d'Os Los Hermanos, o curioso era ser olhar, seu andar, seu cabelo, seus óculos e sua postura. Cada um respectivamente esquizofrênico, atabalhoado, assanhado, torto e "cifóide". Ia para o colégio. Acho que se sente estranho. Normal.

Outra figura igualmente notável era o CARA NA RURAL. Era jovem, não se engane. Dirigia-me à praça quando ele vei dobrando a esquina e conduzindo seu antigo e conservado veículo. Parecia ter sido acabado de ser fabricado. Ou abriram uma fenda de tempo-e-espaço e ele veio do passado para o futuro? Não sei ao certo. Talvez esta última hipótese explique o porquê de ele tanto buzinar às 6h da manhã em uma rua semi-deserta. Perturbador.

Ações
Cheguei.
Willy cagou.
Parti.

Na volta, a mistura de dois mundos igualmente primitivos. O CAWBOY PESCADOR. O negro, velho e de chapéu vaqueiro. O COWOLDMAN DOS MARES. O velho jangadeiro retornando de mais um dia de pesca sem nada nas mãos. Espero que tenha vendido tudo. Tinha as feições de sempre, rudes, excessivamente sofridas e inquietas, como que não entendesse, mas aceitasse o mundo a seu redor. Angustiante.

No elevador social, cachorros, domésticas e entragadores são proíbidos, mas ninguém respeita essa regra. Todos andam em tudo. Bem-feito!!! É uma desordem solidária e agregadora. O MINICARA SUPERMAN sai do elevador com sua mochila de rodinhas carregada nos braços pela mãe. Nada mais ignóbil e destruidor. Um garoto que não leva suas coisas cresce sem responsabilidade. Vira um babaca. As mães que fazem isso não notam, mas estão destruindo seus filhos. Talvez a fantasia com que ele estava indo para a escola não represente nada do que ele se tornará um dia. Consternador.

O último e tão pouco importante. O SONÂMBULO. Perdia-se em lucubrações distantes e pouco fantasiosas. Admirava a paisagem das costas do meu bloco. Estava no décimo andar e coçava, escorado na janela, a sua cabeça à semelhança de um chimpanzé. Catava piolhos de preocupação. Com o quê? Jamais saberei. Indecifrável.


Ações
Abri minha porta.
Estirei-me na cama.
Escrevi este texto.
Vou dormir.


Ps: Eu levo sempre dois sacos plásticos para o caso de o Willy defecar mais de uma vez.
Ps2: Não suje a cidade, isso me incomoda.
Ps3: Não dormi.