segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Projetos Individuais de Felicidade

Fazia tempo que não me utilizava desse espaço, porém me senti profundamente provocado com a última postagem. Sou uma das pessoas mais desiludidas e apáticas que eu conheço. Considero coisa muito difícil mudanças sociais extremas mediante revolta popular. Existem vários fatos que me deixam indignado cotidianamente - absurdos governamentais e atitudes humanas terríveis. No entanto, confesso (não tão arrependido quanto na última vez que confessei ao padre), não fiz muita coisa pra mudar o mundo. Em política stricto-sensu, pouco me meti. Acho que o mais longe que fui foi no Aeroporto Pinto Martins para ver a chegada de Heloísa Helena, recém saída do PT. Não votei antes dos 18, e quando votei, votei nulo. Cartas, só mandei de amor. Assisto, sim, TV Senado, TV Câmara, TV Assembléia, e gosto; mas assisto pelo prazer de conhecer cada um e ouvir algumas opinião colocadas com muita propriedade e outras com muita falta do que dizer.

Sinto no momento atual do planeta que o descrédito num futuro bom toma conta das mentes. Cada vez mais pessoas se apegam em crenças duvidosas tentando garantir uma vida melhor, se não possível em vida, logo após ela. Desejaria expôr aqui algumas palavras do Bispo Edir Macêdo que ele orgulhamente publica no seu jornal bastante informativo, Folha Universal, para que notem a que nível nós chegamos. Não me atrevo a pesquisar. Mas vi até mesmo um Espaço Sentimental com uma viúvia de 69 procurando "um homem de Deus, com nível superior, de pele clara, disposto a um relacionamente sério". Não gosto, com sinceridade, de me sentir um humano petrificado pelos olhos de Medusa. Prefiro me comparar a Prometeu, amarrado, querendo e não podendo. Chega uma hora, meus caros amigos, que de tanto o abutre vir comer nossa carne, a gente nota que a luta é em vão. Com certeza, essa pensamento diverge da maioria, dos que ainda vêem solução, vêem a tal da luz no fim do túnel. Saí de casa com 16 anos, fiz o 3o. ano em Campinas e resolvi cursar o ensino superior no interior do Rio de Janeiro e agora digo: quando eu fui pro Rio, o que eu descobri foi que a luz depois do túnel Rebouças é só um poste da Light.

O que eu realmente acredito e acho que seja a grande sacada, a grande solução para uma vida saudável e alegre são os projetos de felicidade individual. Parece pensamento egoísta, a princípio, há princípios, mas não é. Muito antes pelo contrário, na maioria esmagadora dos casos, a felicidade da gente está em fazer os outros também felizes. Vá uma praia, pesque um peixe, mande flores. Dê um beijo na boca da vizinha, compre um copo de Colonial para aquele bêbado chato. Bateu o carro? Ah! Já bateu, não há como voltar atrás. Eu possuo uma capacidade incrível de não ficar me culpando pela vida inteira. Depois de cada merda que eu faço, paro, respiro fundo e digo: "Ah! É fazendo merda que se aduba a vida", sorrio e sigo vivendo feliz. Ficou bêbado e pegou mulher feia? Já pegou, não tem volta. Estava mijando no poste e alguém viu? Já viu.

Nunca mudei o mundo, mas me sinto extramamente feliz quando chego numa cidade que nunca fui antes e fico olhando a paisagem, por cima, pensando na vida e nas surpresas que ela pode nos oferecer. A vida é muito boa, meus caros, mas depende do ponto de vista que nós olhamos.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A Medusa brasileira


Como não podia ser diferente, os velhos mitos renascem para explicar nossa realidade.
Vivemos hoje sob a constante influência dos poderes da Medusa.
Sim, a velha Medusa com seus cabelos de serpente encara-nos, petrifica-nos.
Assistimos todos os dias a ondas de violência. O Jornal Nacional faz questão de abrir o programa com notícias de chacinas, estamos perdendo a capacidade de nos impressionar , de deixar de dormir pelo próximo quando acontece um seqüestro, de nos colocar no lugar de quem é esquartejado, violentado e arrastado em um carro até a morte.
Estamos passivos. Apáticos.
A Medusa nos pegou. A miséria, a violência, a educação de péssima qualidade, a falta de saneamento básico, de saúde e a corrupção são as serpente desse monstro de olhar mortal.
O pior de tudo é que não dá pra confiar em um Perseu que apareça e , proclamando-se guia de todos e da nação, decepe essa criatura. Até porque Perseu não fez isso sozinho. Precisou de muitas armas , forjadas pelos deuses e emprestada de ninfas africanas.
Enquanto o Perseu e as armas não aparecem, a Medusa nos encara e vai petrificando cada um dos brasileiros. Tornando-os inúteis e extenuados.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Fortaleza é um Baseado.


Pão e Circo? Isso é coisa do passado.
Em Fortaleza, o esquema é Pão, Circo e Drogas. Evolução.
A Prefeitura e o Governo Estadual promovem um Festival de Férias. É permitido baseado. Baseado em quê?
Não sei.
Overdose de argumentos, de populismo, de amor ao povo de Fortaleza, amor promíscuo e devastador . Overdose de defesa do turismo. Do sexual.
Turismo bom não freqüenta o Biruta.
Não houve grandes brigas. Não teve como haver. Estavam todos anestesiados. Baseados. Baseados em quê?
Ano de eleição, de politicagem, baixeza. O povo comemora a educação de péssima qualidade, as ruas esburacadas, a polícia corrupta, um MP negligente, a saúde "exemplar"e tantas outras conquistas. O fortalezense comemora a própria indigência com anestésicos. Como celebrar sem eles, afinal?
Nós estamos numa cidade que nunca acorda, cega pela insensibilidade. Enrolada. Prensada. .Queimada.Sugada. Fortaleza está "baseada". É Viciante. Periclitante.
Marcelo D2 está vindo para cá. O Cidade Negra sente-se em casa. O Beira-mar até um bairro tem para ele. Fortaleza é o verdadeiro Planet Hemp. Cough!Cough! Cough!

Ps: Post dedicado a Tetê.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Como ir e não voltar ao Rio de Janeiro sem pagar nada.


Acordei há três semanas, estimativa minha, e deparei-me com uma cena admirável.

Havia sido transportado ao Rio de Janeiro.

Infelizmente, não com o Cristo Redentor de braços abertos para a janela do meu quarto, estava mais para o Morro do Pavão-Pavãozinho ou da Providência.

Moro em frente à reserva de proteção permanente da Lagoa do Papicu, da minha janela costumava mirar uma paisagem magnificente.Lagoa, dunas, casarões, igreja do padre Dourado. Moro no Barlavento, você certamente conhece alguém que vive aqui.

Desde a invasão de miseráveis e de especuladores que se passam por miseráveis,minha duna,agora meu morro, que antes era verde e deslumbrante, protegido e aprazível, tornou-se um monte de terra com casas de papelão e barro e destruído pelas queimadas que limpam o terreno e poluem o ar.

A Associação de Moradores das Dunas ( cada um com seu casarão de 1/2 milhão de reais) já mobilizou-se, estão dispostos a expulsar a miséria e os especuladores de seu bairro, pois é inaceitável conviver com uma mundiça dessa, desvalorizará seus imóveis. Mundiça essa que vai dar guarida a traficantes e mais violência, não por culpa daquela, entendam. Mundiça que se instala sem o mínimo necessário para viver decentemente. Deprimente.

Na reserva ecológica , não deveria haver esgoto, vielas, eletricidade. Mas, há. Há "gato". O esgoto é a Lagoa . Para que ruas se os especuladores tem 4X4 e os miseráveis andam a pé? Perfeito, habitável, comum, tendo-se em conta que 53% dos brasileiro vivem sem rede de esgoto.

A prefeitura diz ter aumentado a fiscalização para impedir novos invasores e poder fazer a contagem dos que iniciaram a lambança. Prentedentem relocá-los. Quando? Não sei, talvez o Orçamento Participativo responda. Você já foi numa reunião dessas? Você deve saber o que está perdendo. Nada.

Por enquanto não enviarei nenhum e-mail a vereadores, pois receberei a resposta que os jornais e meu primo petista já me deram.

Resta-me esperar. Os fogos anunciando a chegada do Ano Novo ainda pipocam no meu bairro. Ou seriam os "olheiros" do tráfico de droga avisando que a Ronda do Quarteirão está passando? Ou seriam os "soldados do tráfico" dando tiros para o alto comemorando mais uma filial dos morros cariocas? Resta-me temer.

E para os revolucionários(significado: os que irão defender os engraçadinhos os quais me enviaram direto ao Rio) , um aviso: O tráfico é uma empresa capitalista das mais eficientes e completamente adaptada à realidade neoliberal que se instalou no Brasil na década de 90. É uma empresa concentradora de renda, altamente lucrativa, que utiliza mão-de-obra barata. Além de se instalar em morros.

Pensamento
(Desde que entrei no Direito, argumentos ideologizantes vivem na minha cabeça)

Cadê o Ministério Público?, porque se depender da conivente prefeitura...aquilo vira é a Rocinha. Escatológico.