quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Falei, e confirmaram...

Essa sim, é verídica.

Quarta-feira, nada pra fazer, uma amiga na cidade. Há quase três anos saí de casa pra morar no Sudeste. Sou cearense como todos sabem, e é sempre bom ver por aqui coisas que nos lembrem nossa terra natal, principalmente amigos. Quer dizer, principalmente amigas. Saí de casa acompanhado por um mineiro, um Palio Weekend e um funkzão nas alturas. Liguei, peguei o endereço e fui para o hotel onde estava a menina.

Belo hotel, confesso, muito bom o atendimento, especialmente no que tange ao "Sr. Pedro". Está aí, gostei. Na espera pela moça, me abstive do Red Label e do cafezinho, que "a mi me gustan", e resolvi me inteirar do que acontecia pela mundo. Ando muito alheio às coisas, entrando nos livros antigos, revendo conceitos, fazendo avaliações. Tomei de O Globo e fui às notícias.

Tinha falado sobre isso, mas não acreditava que a situação atual estivesse tão gritante: a arredacação extra do governo foi superior ao valor total recebido pela CPMF. Em número, 35,7 bilhões de arrecadação não esperada (fazem-me rir!) e um pouco menos de 30 bilhões de CPMF. Os motivos para isso já foram, pelo menos parcialmente, expostos anteriormente. E de tudo isso, somente 5 bilhões foram liberados para o orçamento.


A Receita Federal abriu o jogo: só em outubro, a arrecadação brasileira foi de quase 55 bilhões. 12% a mais que outubro de 2006, valor recorde para o mês. Falei? Falei, e confirmaram. Recordes e mais recordes de arrecadação tributária. Realmente vale o esforço de jogar aberto e colocar a nu toda a realidade que atinge diretamente nossas vidas.


Sabem o que significa a tal da CPMF? Contribuição Provisória por Movimentação Financeira de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira. Ela foi instituída em nosso ordenamento jurídico pela Emenda Constitucional número 12 de 1996 e sua cobrança passou a vigorar pela Lei 9331 do mesmo ano, por treze meses. Foi prorrogada e reprorrogada e novamente prorrogada, ou, como preferem alguns, reinstituída, pois não se pode prorrogar algo que não está em vigor.


Essa discussão sobre CPMF já está estampada nos jornais. O que não está lá é meu extrato bancário. Sempre que vou ao caixa eletrônico para ver como estão as contas, exclamo aos céus, em voz baixa porque sou discreto: Meu Deus! Eu, um pobre-diabo, "jovem que desce do norte pra cidade grande", tentando ganhar a vida com muito esforço, de pouquíssima capacidade contribuitiva, estou sendo massacrado. É de R$ 2,56 aqui, R$3,41 ali, que a galinha enche o papo.


E é de bom alvitre que se dê logo um jeito nisso tudo. É similar ao caso da garotinha que não tem carteira de estudante por incompetência dos entes públicos e está pagando inteira todo dia para ir e para voltar: mexeu com dinheiro, meu amigo, brincou pesado. Todos sabem e eu confirmo - a parte mais sensível do corpo humano é o bolso.

Um comentário:

Lucas disse...

É alarmante a situação, mas vale ressaltar que a cpmf é um imposto moderno e bastante útil. Não tem escapatória e serve para cruzar os dados dos fraudadores e sonegadores, segundo especialistas seria um retrocesso revogá-lo. Creio que uma reforma tributária baixando o imposto de renda, diminuindo a burocracia e expondo nos produtos a porcentagem de impostos que nós pagamos ao governo seria uma alternativa bem mais razoável.